Gangue de formigas assassinas ataca jardineira
Enfim saiu o resultado do teste de alergia. Estava curiosa para descobrir o que tinha me obrigado a passar uma semana de molho, inchada e coberta por pintinhas vermelhas que coçavam intensamente. Bem, descobri. Apesar de não ter comido nenhum ravioli de formiga ao sugo ou uma torta campestre de saúva, ao que parece, minha alergia alimentar foi culpa desses insetos. Como é que eu fui picada – não por uma, mas por dezenas de formigas – sem perceber, é um mistério.
Posso imaginá-las meses de tocaia. Sim, porque uma reação alérgica dessas é coisa minuciosamente pensada. Aposto como estudaram meus hábitos, meus horários, a rotina do meu dia. Agora sei que aquele carro parado todos os dias na porta de casa não era coincidência. As formigas se abaixavam quando eu passava.
No dia planejado, aliás, tem de ser na calada da noite, quando aumentam as taxas de crimes, um helicóptero invisível ao radar deixou um pequeno grupo de formigas na cobertura do meu prédio. Elas poderiam ter atacado o morador do último andar sem dificuldade, ele sempre esquece as chaves para fora, mas, não. O alvo era eu.
Com um cortador, elas quebram o vidro do hall e descem deslizando por cordas. Uma vem à frente e come a fiação das câmeras do circuito interno de segurança. O porteiro dorme pesado com o sonífero que elas colocaram no café. Chegam ao meu andar, se esgueiram por debaixo da porta e vão andando até chegar ao quarto. Eu durmo o sono das vítimas. Então, elas me atacam. Usam silenciador. Os vizinhos não ouvem nada.