Seu namoro é ecológico o bastante?
Faz 12 anos do nosso primeiro amo você. De lá para cá, essa frase se tornou quase diária, mas nunca perdeu a capacidade de transformar dias chuvosos em sol na praia, tensão em aconchego, choro em gargalhada.
O amor mudou a nossa cor, deixou a gente mais verde. Ainda que você continue um carnívoro invicto, eu sigo tentando vegetarianar. E nós dois aprendemos a poupar.
Porque copo de requeijão ainda é copo, e copo lascadinho vira vaso. Aquela xícara que eu derrubei da mesa quando te beijava foi parar no fundo de um vaso de orquídea. A bandejinha de isopor onde veio o queijo que usamos naquele café da manhã tardio, depois de virar a noite revisando seu livro, rendeu uma caixinha linda para guardar meias. E o pouco de papel que ainda imprimimos sempre termina numa esculturinha de papel machê, como aquela cabrocha que eu te fiz.
A gente gasta mais as coisas, também. Não consigo me desfazer daquele sutiã que você adora, ainda que o coitado esteja quase puindo. E você usa tanto o blazer bege que ele já decorou o caminho do trabalho – mas como você fica lindo nele!
Nada que se compare a como a gente gasta lençol. E colchão. E travesseiro. Fazendo coisas picantes ou simplesmente estando juntos, jornal, revistas, café na cama, laptop aberto, curtindo a companhia um do outro, em silêncio. Nem dá pra acreditar que eu consiga ficar quieta por tantas horas, logo eu, que falo pelos cotovelos. E escrevo demais. E amo. Exageradamente. E cada vez mais, a cada fio verde que vejo surgir em você.