Da arte de alimentar uma planta-carnívora
– Carol, o que é aquele pacotinho que está na geladeira?
– Hmmm…
– Carol?
– Tô aqui fora!
– O que é que você tá fazendo aí no chão?
– Pegando o almoço do Ták.
– De quem???
– Do Eustáquio.
– Eustáquio?
– Isso. O que você perguntou?
– Tem um pacotinho na geladeira…
– Não mexe na comida dele!
– Comida? Mas é um pacotinho tão pequeno… Tem o quê dentro, uma ervilha?
– Bem que eu queria que fosse… Mas ele não é vegetariano.
– Carol, me desculpe, mas o que é mesmo que você está fazendo?
– Pegando o almoço do Eustáquio. É difícil, elas fogem de mim. E eu não quero matar ninguém. Ele precisa delas vivas. Só que como ainda é pequeno, não consegue comer muito rápido e a comida foge. Por isso, eu botei uma na geladeira, para deixá-la meio grogue. É quase como se ela estivesse anestesiada. Assim é menos cruel.
– Tem formigas na geladeira?!?
– Só uma. Não entre em pânico, eu fechei bem o pacotinho.
– Tem uma formiga viva na geladeira?
– Meio dormindo.
– Eu nunca trabalhei para alguém que guarde formigas vivas em pacotinhos na geladeira para alimentar uma planta-carnívora!
– Tem sempre uma primeira vez…
– Eu quero um aumento.