Emengarda Letícia, a moradora indesejada
– Ave, o que foi que a Emengarda Letícia te fez?
– Ih, Carol, faz tempo que a gente tá se estranhando…
– Mas tinha que expulsar a coitada? Ela é visita, isso não se faz!
– ERA visita. Não é mais.
– Quê isso, olha a ignorância…
– Foi ela que começou, Carol. Eu estava quietinha no meu canto quando aquela lazarenta morfética veio pra cima de mim.
– Mas precisava bater com tanta força?
– Ela devia erguer as mãos pro céu por eu não ter acabado com a raça dela.
– Eu diria que ela está fazendo isso.
– O quê?
– Erguendo as mãos pro céu. Todas elas. Dá uma olhada no que você fez…
– Não gosto dela, Carol. Logo que vim trabalhar aqui na sua casa eu falei isso. Você não quis ouvir. Disse que tudo bem, que ela tinha sido despejada da outra casa, que estava traumatizada e tudo.
– Justamente.
– Ah, é? Só que ela viu que era sua protegidinha e começou a trazer a família inteira pra cá. Veio marido, mãe, pai, irmão, uma penca de filho…
– A Emengarda Letícia não tinha onde morar! Você não tem coração? E se fosse com você, ia gostar se alguém te expulsasse da sua casa, botasse seu marido e sua filha pra fora e ainda quebrasse suas pernas? Ou seus braços, não sei ao certo o que você quebrou.
– Carol, pelamor, é só uma aranha!