Ecoloja doida venderia joaninhas por kg
Vivo pensando em abrir uma loja ecológica. Seria como aquelas farmácias antigas, com um grande balcão de madeira e prateleiras de vidro. Entra uma madame, aflita. Os pulgões estão acabando com o jasmim. Não há motivo para preocupação: vendo joaninha por peso. Custa R$ 5 o quilo, mas você vai precisar de uma infestação num jequitibá para comprar tantas assim. Na vitrine, em uma grande caixa com furinhos, estão milhões de joaninhas esvoaçantes. “Passou um pouquinho de 200 gramas, pode ser?”, eu pergunto, com aquela cara-de-pau de quem sabe muito bem pesar 200 gramas certinho.
A loja ainda tem algumas joaninhas voando esbaforidas quando chega outro cliente. Problemas com a terra do quintal, que está muito dura. Trabalho com minhocas nacionais e americanas. Ele me pergunta qual é a diferença. “As americanas são mais gordas.” Pego o metro e começo a enfileirar as minhoconas, uma mais comprida que a outra. Claro, passa dos 5 metros, mas aí a culpa não é minha. Eu não parto minhocas no meio. Nunca. Ele que leve um pouco a mais.
O terceiro cliente é um avô. Diz que fez uma casa na árvore para os netos e que são os cupins que se divertem. Vou até os fundos da loja e dou um assobio. Devagar, aparecem os tamanduás, um surge de traz de uma árvore, outro, descansa perto dos sacos de alpiste. Pego o mais magrinho no colo e levo para dentro. “Você pode ficar com ele por uma semana. Tem que devolvê-lo escovado, limpo e saudável.” Ele assina o termo de compromisso e vai embora. O tamanduá, feliz da vida, põe a língua para fora e me dá um até logo.