Colegas de escritório

Quando marido ainda era namorado, ele passava horas sozinho num minúsculo escritório cinza, cheio de arquivos metálicos e paredes sem quadro, no prédio mais mixo e infeliz da rua. Eu me sentia desolada toda vez que ia visitá-lo naquele lugar tão pouco acolhedor.
Na tentativa de emprestar um colorido às tardes de silêncio e solidão, levei para ele três plantinhas. Uma delas era uma samambaia bem cabeluda, que apelidei de Elba Ramagem. No único pedacinho de mesa onde batia uma réstia de sol, coloquei o Barbosa, uma planta carnívora que tinha toda pinta de ser menino. Fechando o trio de novos inquilinos, deixei a Adelaide na entrada, uma pequena e prestativa árvore-da-felicidade, que ficou incumbida de anotar todos os recados quando meu namorado estivesse fora.
Um mês depois, Elba começou a apresentar sérios problemas de queda de cabelo. As folhas ficaram amarelas, depois marrons e, por fim, a despeito de todas as minhas ameaças, caíram até só restarem uns caules nús. Abalada com a morte precoce da colega de trabalho, Adelaide ficou pálida e começou a definhar. Só Barbosa seguia em frente, ainda que tivesse um ar de funcionário público entediado.
Com medo de outra tragédia, dei para Adelaide uma licença-médica e levei-a para minha casa. Ela se recuperou bem, cresceu no cargo e, depois de anos de bons préstimos, foi promovida a um vaso-dúplex na sala da minha quitinete.
Barbosa continuou sua vidinha de escritório. Às vezes, passava semanas sem ver nem mosca morta, mas seguia em frente – afinal, tinha um emprego estável, seu lugar ao sol e um patrão que nunca pegava no pé dele.
Um dia, cheguei ao escritório e encontrei Barbosa azulado. Parecia asfixiado, as folhas estavam molengas, o caule, cheio de veios negros, a terra ainda úmida da última rega. Olhei de perto e vi que ele tinha algo preso na maior de suas sete bocas carnívoras.
– O que você fez com o Barbosa?!?
– Ah… você viu só que coisa? Achei que a planta estava cansada de comer esses mosquitinhos de nada e dei uma refeição mais substanciosa para ela. Encontrei uma mariposa morta no hall… Acho que a planta não gostou muito.
E eu que achava que só peixe morria pela boca.

Curso Gratuito de Orquídeas - Resumos

Substrato

110 atividades de jardinagem

Palhinhas protetoras

Jardim vertical

5 loucuras que você ainda fará pelas plantas

Os fatos por trás da lenda da coroa de louros

Ecoloja doida venderia joaninhas por kg

Como NÃO fotografar suas orquídeas

Couve rendada vai bem até em vaso

Acabe com carunchos sem acabar com suas plantas

Orquidófila alerta para 3 "burradas" a se evitar

A praga que rende batatinhas e boa salada

Orquídeas: 3 teorias que não valem na prática

Mato na horta vira barreira contra pulgão

Das raízes aos frutos, como nascem as florestas
