Posso usar esterco fresco nas plantas ou ele precisa curtir?

Shirley Diniz
© Carol Costa/Minhas Plantas

Shirley, o esterco fresco tem altas concentrações de nitrogênio, por isso, se for usado diretamente no solo, pode queimar as plantas. Em jardinagem, normalmente usa-se o esterco curtido, o que nada mais é do que as fezes – de vaca, cavalo, galinha ou coelho –, deixadas ao tempo para que o nitrogênio excessivo evapore, o calor disperse a maioria dos patógenos e as chuvas diluam um pouco da concentração. Depois de algumas semanas exposto ao sol, o esterco já não tem mais cheiro e as moscas somem. As larvas que eclodem desse material já terão completado seu ciclo e voado para longe dali e os bichinhos que ajudam a decompor a matéria orgânica também terão voltado ao solo. Ainda assim, o esterco curtido ainda é forte e deve ser usado em pequenas quantidades, de acordo com a origem (o de coelho é quatro vezes mais forte que o de vaca, por exemplo) e a espécie de planta.

Como usar esterco fresco para adubação


Quanto ao esterco fresco, ele também tem uso, mas sempre muito, muito diluído. Denitiro Watanabe, o papa das orquídeas no Brasil, recomenda o uso de esterco de cavalo fresco que "não tenha tomado chuva, caso contrário os nutrientes terão sido lavados pela água". Ele não explica as quantidades, mas recomenda que se coloque o esterco de cavalo para secar ao sol "até que comece a esfarelar", quando então deve ser dividido em baldes com água e deixado curtir por uns dois ou três dias até "que a água fique com uma coloração de chá". Depois de coar, ele aplica essa calda nas plantas, tanto nas folhas quanto nas raízes – segundo ele explica no livro Orquídeas, Manual de Cultivo – volume 2, esse foi o adubo que ele usou por décadas em suas orquídeas, sem encontrar nenhum substituto mineral à altura. Com a dificuldade em encontrar pastos e charretes em São Paulo, hoje, Denitiro usa um adubo mineral que ele mesmo faz seguindo exatamente a mesma fórmula química do adubo de cavalo: em 100 gramas de estrume, há 1,3 gramas de nitrogênio (N), 0,5 gramas de fósforo (P) e 1,6 gramas de potássio (K), ao que ele soma mais um pouco de magnésio (Mg), cálcio (Ca) e enxofre (S). Detalhe: cálcio e enxofre reagem e nunca podem ser usados na mesma formulação, então, o que ele faz é preparar dois adubos diferentes, um com cálcio, outro com enxofre. Na literatura botânica não há recomendações exatas para essas formulações, então, você pode ir experimentando nas suas plantas por tentativa e erro. E, claro, começar sempre com diluições bem altas, para ir aos poucos aumentando a quantidade de adubo por litros de água.

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